quinta-feira, 23 de julho de 2009

E assim caminha a humanidade.....

sexta-feira, 10 de julho de 2009

(Texto da Revista - Jornal O Globo)




'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!

E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Primeiro: a dizer NÃO.

Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.

Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.

Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora.

Você é, humildemente, uma mulher.

E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.

Tempo para fazer nada.

Tempo para fazer tudo.

Tempo para dançar sozinha na sala.

Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.

Tempo para sumir dois dias com seu amor.

Três dias.

Cinco dias!

Tempo para uma massagem.

Tempo para ver a novela.

Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

Tempo para fazer um trabalho voluntário.

Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.

Tempo para conhecer outras pessoas.

Voltar a estudar.

Para engravidar.

Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.

Existir, a que será que se destina?

Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!

Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'


Martha Medeiros - Jornalista e escritora

terça-feira, 7 de julho de 2009

ORAÇÃO PESSOAL

QUE EU TENHA A FORÇA DE SER EU MESMA, SEMPRE...
QUE EU POSSA FAZER O BEM, SEM SABER O PORQUÊ...
QUE EU NUNCA PENSE QUE ESSE ALGUÉM IRÁ ME RETRIBUIR...

QUE EU POSSA OUVIR PASSARINHOS CANTANDO...
QUE EU POSSA VER A IMENSIDÃO AZUL DO CÉU...
QUE EU DESCUBRA, BRINCANDO, O FORMATO DAS NUVENS...
QUE EU POSSA VALORIZAR A ALMA DA CRIANÇA QUE EXISTE EM MIM.

QUE AO ME LEVANTAR ENXERGUE A LUZ ATRAVÉS DO SOL...
QUE DIGA COM AMOR O BOM DIA DE CADA DIA. QUE A MINHA PRESENÇA SEJA SENTIDA, AMIGA.

QUE EU POSSA ME AGASALHAR NO CORAÇÃO DO MEU AMOR QUANDO SENTIR FRIO...
QUE EU ESTEJA AO SEU LADO NOS DIAS ALEGRES DE VERÃO...

QUE A GRANDEZA DO MAR SEJA A ENERGIA
QUE RECARREGA MINHA ALMA
QUE A MINHA EXISTÊNCIA FAÇA DIFERENÇA...
QUE MINHAS PALAVRAS SEJAM AMÁVEIS E DOCES. QUE SEJAM OUVIDAS DE FORMA LEVE, SUAVE, SUBLIME,
COMO ANJOS CANTANDO...

QUE EU POSSA ENTENDER O AMOR
DOS QUE NÃO SABEM DEMONSTRAR O AMOR QUE SENTEM..

QUE EU SAIBA SER DESAPEGADA DO AMOR DOS QUE NÃO SABEM AMAR...
QUE EU POSSA ENTENDER QUE NEM TODOS PODEM ME AMAR...
MAS QUE EU AME A TODOS, SEM DISTINÇÃO,
COM TODA A FORÇA E LUZ DO AMOR QUE EXISTE EM MIM.
(Texto de Oswaldo Begiato)

Primeiro, não queremos perder

É LÓGICO NÃO QUERER PERDER.
NÃO DEVERÍAMOS TER DE PERDER NADA:
NEM SAÚDE, NEM AFETOS, NEM PESSOAS AMADAS.
MAS A REALIDADE É OUTRA:
EXPERIMENTAMOS UMA CONSTANTE ALTERNÂNCIA DE GANHOS E PERDAS.

SEGUNDO:
PERDER DÓI MESMO.
NÃO HÁ COMO NÃO SOFRER.
É TOLICE DIZER NÃO SOFRA, NÃO CHORE.
A DOR É IMPORTANTE.
O LUTO TAMBÉM.

TERCEIRO:
PRECISAMOS DE RECURSOS INTERNOS PARA ENFRENTAR A TRAGÉDIA E A DOR.
A FORÇA DECISIVA TERÁ QUE VIR DE NÓS, DE ONDE FOI DEPOSITADA A NOSSA BAGAGEM.
LIDAR COM A PERDA VAI DEPENDER DO QUE ENCONTRARMOS ALI.

A TRAGÉDIA FAZ EMERGIR FORÇAS INIMAGINÁVEIS EM ALGUMAS PESSOAS.
POR MAIS DEVORADOR QUE SEJA, O MESMO SOFRIMENTO QUE DERRUBA FAZ VOLTAR A CRESCER.

QUANDO É HORA DE SOFRER NÃO TEMOS DE PEDIR LICENÇA PARA SENTIR, E ESGOTAR, A DOR.
O LUTO É NECESSÁRIO, OU A DOR FICARÁ SOTERRADA, SEU FOGO QUEIMANDO NOSSAS ULTIMAS RESERVAS DE VITALIDADE E FECHANDO TODAS AS SAÍDAS.

APRENDI QUE A MELHOR HOMENAGEM QUE POSSO FAZER A QUEM SE FOI É VIVER COMO ELE GOSTARIA QUE EU VIVESSE:
BEM, INTEGRALMENTE, SAUDAVELMENTE, COM ALEGRIAS POSSÍVEIS E PROJETOS ATÉ IMPOSSÍVEIS.

Texto: ESCRITORA LYA LUFT